Adobe: o início de tudo
Símbolo de nossas raízes, os ancestrais tijolos de terra crua oferecem abrigo desde tempos imemoriais e certamente ainda estarão conosco no futuro.
O sonho do lar que protege e aconchega acompanha a humanidade desde a pré-história. Já vivemos em cavernas, tendas e todos os tipos de habitações primitivas, feitas de pedra, madeira e até de ossos. E, então, inventamos algo que permitiu um salto sem precedentes na longa jornada das moradias humanas: blocos de construir à base de terra, moldados por nossas próprias mãos. O que poderia ser mais elementar?
Esses tijolos ancestrais se aperfeiçoaram pouco a pouco, dando origem à técnica construtiva que hoje conhecemos como adobe.
“As indicações históricas mais antigas apontam para o uso de pelotas de barro feitas à mão e postas a secar para posterior deslocamento e montagem, como se fossem pedras de tamanho e peso planejados”, escreve o arquiteto José Leme Galvão Jr. – especialista em preservação do patrimônio histórico e mestre em Teoria da Arquitetura pela Universidade de Brasília (UnB) – no ensaio “O Adobe e as Arquiteturas”, publicado no portal Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O passo seguinte foi experimentar peças de diferentes formatos, como cônico, quadrado e, enfim, o tradicional desenho retangular, que perdura até hoje. A utilização de moldes não apenas deu velocidade à produção como possibilitou maior planejamento e controle dos resultados.
No Peru, encontramos templos cerimoniais de adobe datados de mais de 5 mil anos. Por volta dessa mesma época, a técnica viabilizava o crescimento exponencial de cidades do Velho Mundo em lugares tão distantes quanto a China e a antiga Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Oriente Médio.
Ninguém menos que Moisés, que viveu parte de sua história no Egito, por volta de 1400 a.C., cita na Bíblia os tijolos de adobe (Êxodo 5:7-18). Outras fontes literárias sugerem a existência do material em algumas regiões da Europa e do norte da África desde a Idade do Bronze, entre 3300 a.C. e 1200 a.C.
Tijolos de adobe são basicamente peças artesanais de barro e palha moldadas em formas de madeira e deixadas para secar naturalmente, ao sol ou à sombra, sem a necessidade de queima.
Nessa massa, a palha tem a função de agregar a terra, aumentando sua resistência a tensões e, consequentemente, evitando futuras rachaduras nas lajotas. Dependendo dos recursos disponíveis, a receita pode ainda ser acrescida de outras matérias-primas naturais, a exemplo de esterco e crina de animais, que atuam como aditivos estabilizantes, bem como de areia, que deixa a mistura mais maleável.
Incríveis exemplos de construções em adobe estão por toda parte: nas medinas do Marrocos, em construções medievais espanholas, portuguesas e francesas, nos pueblos mexicanos, em todo o mundo andino e até na arquitetura típica do Arizona, nos Estados Unidos.
No Brasil, a técnica foi muito utilizada no período colonial, atravessando diferentes tendências ao longo dos últimos 500 anos, até começar a ser lentamente substituída pelos tijolos cerâmicos cozidos, disseminados a partir da Revolução Industrial do século 19, com a popularização das olarias.
Em cidades históricas como Ouro Preto (MG), Paraty (RJ), São Luís do Paraitinga (SP), Lençóis (BA) e Pirenópolis (GO), o que reinam são os blocos de barro cru, mesmo que escondidos debaixo da tradicional pintura de cal branca. Os séculos de sobrevida comprovam a resistência e a durabilidade do adobe.
Em pleno século 21, o lançamento da série Dobe, da Decortiles, faz um elogio à grandeza desse material carregado de força telúrica, que não só nos proporciona refúgio há milênios, como nos ensinou que podemos moldar nossas casas conforme nossos desejos, abrindo caminho para todas as técnicas construtivas modulares empregadas atualmente.
Dobe traz as cores da terra crua, assim como a beleza de suas imperfeições, em peças de formato 10x20cm com acabamento acetinado e variação moderada de tonalidade. Isso significa que as nuances mudam sutilmente a fim de oferecer aspecto o mais natural possível. São quatro opções de tonalidades em paletas harmoniosas: Mix Argila, Mix Cotto, Mix Fendi e Mix Greige.
As irregularidades da superfície e o acabamento não retificado cumprem o mesmo propósito, dando a esses tijolos modernos uma aparência que remete à arquitetura vernacular, a tipologia construtiva de caráter popular que envolve materiais, recursos e tradições provenientes da paisagem local.
O visual do adobe exposto confere aos ambientes da atualidade uma atmosfera simbólica de tudo o que é simples, puro, regional, relativo a nossas raízes primevas e, por tudo isso, absolutamente envolvente.
Ideais para paredes internas ou externas de até 3 metros de altura, as peças podem ser combinadas com outras séries da marca que também falam o idioma do amor à terra, como as séries Taipa e Marsei, resultando em espaços aconchegantes com um toque de rusticidade na medida exata.