01 ▪ NOV ▪ 2022

A estética do fogo exaltada pela técnica Shou Sugi Ban

Shou Sugi Ban está entre as técnicas seculares japonesas que conservam os objetos e a memória através do fogo

Até onde nosso conhecimento alcança, as civilizações mais antigas do mundo estão localizadas na Ásia e datam de mais de 4000 anos de história. É onde existe uma das maiores diversidades culturais, étnicas e religiosas. Um lugar multicultural e cujas tradições, que se perpetuaram ao longo dos séculos, transformou a região em um grande celeiro cultural que envolve a arte, a gastronomia, a literatura, o cinema, a arquitetura e, entre tantos outros, o design. E é aqui, no design, com foco na tradicional técnica Shou Sugi Ban, que o Connectarch faz um passeio. Trata-se de uma riqueza secular em uma área na qual suas civilizações passam, de pai para filho, os saberes ancestrais que caracterizam cada raça, cada etnia e que não se perdeu nem ao longo dos anos e nem com tanta tecnologia.

Fogo e madeira

Na raiz da história da humanidade, o fogo sempre foi essencial para a preservação da nossa espécie e, com a evolução, novos usos foram dados a esse elemento da natureza. Assim, nasceu no Japão, um dos países mais desenvolvidos tecnologicamente e que concentra preservadas algumas das técnicas milenares, e manuais, mais emblemáticas da humanidade, o Shou Sugi Ban. Também conhecida como Yakisugi, resumidamente, é uma arte em que fogo é o protagonista na transformação e preservação de utensílios e objetos em madeira.

A técnica Shou Sugi Ban data de mais de 300 anos e surgiu a partir da necessidade de proteger as casas dos pescadores, localizadas na Ilha de Naoshima que, à época, sofria com as ações das chuvas e do mar, uma vez que a madeira, por ser organicamente ‘viva’, reage, sofre e se deteriora, em contato constante com a água e com outros seres, como insetos, por exemplo. Assim, ao desidratar a superfície da madeira com o fogo – com a técnica e com a medida certas – criava-se uma ‘blindagem’ deixando a madeira mais resistente a todas essas intempéries. Um deleite para a arquitetura e para o design que viu a beleza nascida das chamas e passou a aplicá-la em projetos, peças de mobiliário e utensílios, como o fez Gian Castelli, designer que se lançou no mercado de mobiliário em 2021 com sua primeira coleção produzida com a técnica, a Coleção Nero.

Foto: Adriane Lisboa

Preto em italiano, Nero é composta por cinco peças entre mesas e bancos e algumas trazem um elemento a mais: o metal em dourado que imprime ainda mais sofisticação às peças, segundo Gian. Descendente de italianos, o designer de 24 anos relata que tem uma conexão muito forte com a cultura japonesa. “Pratico jiu-jitsu – arte marcial de origem japonesa – desde muito jovem, o que me aproximou dessa cultura milenar. Com o passar dos anos, comecei a me envolver com design e sempre busquei referências em livros de artistas plásticos japoneses e na história daquele país.” Gian aplica Shou Sugi Ban há cerca de três anos e explica que tudo começou em uma busca por algo inovador para suas criações e, além disso, queria muito trabalhar com madeira preta. “Precisaria ebanizar ou pintar com tinta preta, mas não era o que, de fato, eu procurava. Então, descobri o Shou Sugi Ban e passei a utilizá-lo em minhas peças.” Ele conta que o maior desafio foi se aperfeiçoar e entender como usar, mas, uma vez absorvido esse conhecimento e colocado em prática, passou a ser um caminho sem volta. “Gosto de ver a transformação da matéria, ver a madeira se manifestar e se tornar o que ela passa a ser após o emprego da técnica. Esse tom de preto que ela ganha, só com o Shou Sugi Ban é possível ter.”

Foto: Adriane Lisboa

Do mesmo modo, outro designer, Reinaldo Sasai, também tem forte ligação com as tradições e culturas asiáticas. Até por ser neto de japoneses do lado materno, segundo ele, Shou Sugi Ban surgiu em sua vida em um momento em que “estava sentindo falta de ter minha identidade, minha história nas peças.” Os primeiros contatos com a técnica foram teóricos e, depois de três diferentes períodos em que viveu no Japão nos quais reafirmou suas origens, veio a ressignificação. “Minha avó materna, com quem convivi toda minha infância, era xintoísta, religião que valoriza todos seres vivos, seres humanos, animais, plantas e árvores.
Apesar do Japão ser um país de alta tecnologia, eu também me deparei com a simplicidade, valorização, respeito aos ancestrais, aos seres vivos e à disseminação do conhecimento. Algo tão comum na minha infância, por essa influência de minha avó, passou a fazer mais sentido quando uni esses dois tempos da minha vida: o trabalho e a busca de si”, relata Sasai.

Com várias peças em seu portfólio, entre as quais uma releitura em que aplicou o Shou Sugi Ban em um ícone do design de mais de cem anos, a cadeira Medalhão, até um colar que passou a ser também um item decorativo, para se ter na parede, Sasai, aos 44 anos, declara afeição pela técnica ancestral, mas fala também sobre alguns cuidados. “Assistir à transformação da madeira me traz satisfação. Apesar do processo ser físico e químico, faz parecer mágico, mas é preciso ter cuidado para não empenar a madeira, pois cada madeira tem um limite de queima, cada uma resiste a temperaturas de formas diferentes. Outro desafio é manter o carvão. Geralmente, ao utilizar essa técnica, após a carbonização é retirado o carvão, detalhe que particularmente eu acho o mais bonito e então desenvolvi uma forma de mantê-lo.”

Foto: Lucas Goulart

Apenas com o ‘amor’ ao fogo em comum, já que um tem no sangue italiano o DNA do design e o outro o da tradição japonesa, Sasai e Castelli divergem nas origens, mas se encontram na beleza dos resultados de suas peças. Ao mesmo tempo, os designers também concordam que no Brasil ainda pouco se sabe acerca dos processos e de suas vantagens. “As pessoas ainda não têm muito conhecimento sobre a técnica, algumas já viram, mas não sabem exatamente do que se trata e dos benefícios que ela pode trazer”, pontua Sasai. “O Brasil está começando a ver agora, ainda é uma novidade, pouquíssimas pessoas usam ou conhecem o Shou Sugi Ban, mas acho que estamos no caminho certo”, completa Castelli. 

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