Confira os principais insights da SP Arte de 2025
Um mergulho na criatividade brasileira que conecta arte, design e emoção em cada detalhe, por Natasha Schlobach.

No coração do Parque do Ibirapuera está o icônico Pavilhão da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer – uma das obras-primas do arquiteto e considerada por muitos como uma verdadeira “poesia concreta da arquitetura modernista”. Cenário à altura da grandiosidade da SP–Arte, a feira que chegou a sua 21ª edição, reafirmando-se como a mais importante da América Latina.
Reconhecida como um dos principais eventos do circuito nacional e internacional de arte, a SP–Arte reuniu neste ano mais de 30 mil visitantes, entre colecionadores, curadores, artistas, designers, galeristas e entusiastas das artes visuais. A edição contou com aproximadamente 3 mil obras de arte, entre mobiliários e objetos de design.

Design e tridimensionalidade em destaque
Durante a semana, um dos destaques foi o aprofundamento na tridimensionalidade — obras que dialogam com o espaço por meio de esculturas, instalações e arte cinética. Cores vibrantes e geometrias pulsantes também marcaram presença, com um destaque para o azul, traduzindo emoções e memórias visuais. Na materialidade, uma paleta terrosa dominou: aço corten em esculturas, madeira em peças de design e até mesmo os estandes que dialogam com esse universo cromático e sensorial.
A mostra reuniu obras de grandes nomes da arte brasileira, tanto os que atravessam gerações até os mais contemporâneos como: Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Di Cavalcanti, Portinari, Sebastião Salgado, Tunga, Túlio Pinto, Amílcar de Castro, Cildo Meireles, Abraham Palatnik, Iberê Camargo, Rubem Valentim e Os Gêmeos— apresentados nos três andares do pavilhão. A feira promoveu uma troca fértil entre galerias tradicionais e novos espaços, enriquecendo o panorama artístico e ampliando o repertório do público. Entre elas, destacaram-se a Almeida & Dale e a Fortes D’Aloia & Gabriel, com curadorias que reafirmaram o valor e a potência da arte moderna brasileira.

Carol Gay expôs uma peça de sua autoria nessa mostra| Foto: Marina Lima
O espaço da arte contemporânea
A arte contemporânea teve espaço reservado nas galerias como Mendes Wood DM, Vermelho e Casa Triângulo, apresentando obras de artistas emergentes e consolidados. A programação também incluiu debates e conversas na Arena Iguatemi, que trouxe perspectivas sobre as tendências atuais e o futuro da arte.
Sob o olhar de Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora da SP–Arte, o setor de design tem se consolidado como um dos mais aguardados e esperados pelos visitantes. Em 2025, ocupou com força e presença o térreo do Pavilhão da Bienal, reunindo 81 designers — sendo 16 estreantes.
Estandes, expressões e sensorialidade
A madeira, em sua expressividade sensorial e artesanal, marcou o evento com peças assinadas por nomes como Etel, Attom de Carlos Motta e Gustavo Bittencourt. Suas criações evocam a intersecção entre arte e função, com acabamentos que traduzem tempo, gesto e matéria. O estúdio Superlimão chamou a atenção ao aliar barro e impressão 3D em um processo investigativo e tecnológico. Já Pedro Ávila encantou com sua poética bruta e linguagem escultórica singular.
Os estandes-instalação de Jader Almeida e Aristeu Pires foram verdadeiros espetáculos de cenografia — experiências imersivas dignas de uma apresentação no Fuorisalone, despertando todos os sentidos e reforçando a importância do design como linguagem narrativa e sensorial.
Carol Gay esteve presente no lounge da Elle Brasil com o pendente Pingente, vencedor do prêmio Edida BR 2024. Também integrou a exposição “Inteligência Material”, curada por Lívia Debbané e Camilo Oliveira, com seu vaso autoral Alumina — uma obra que traduz sua trajetória e inspira a coleção Alexandria, desenvolvida para a Decortiles. Um encontro entre arte e design.

Para manter no radar
- Mariana Prestes, representando a Itens, impressionou com a instalação de pendentes Vida — uma narrativa visual e sensorial que une ancestralidade, arte popular e inovação. A diretora criativa Mariana Amaral construiu uma poética do feminino, entrelaçando o saber das rendeiras com a linguagem contemporânea.

- Designers Group Gallery – a galeria promove o encontro entre o design contemporâneo e a expressão artística. Com curadoria apurada de Neto Tavares e Ana Scheuer, apresentou obras de criativos brasileiros em peças únicas e edições limitadas, revelando a força do design autoral nacional.
A SP-Arte vai além de uma feira de arte e design – ela movimenta um ecossistema vibrante que envolve toda a cidade. Na próxima edição, vale acompanhar o calendário paralelo das galerias locais: sempre há uma nova exposição a ser descoberta, um artista emergente a ser revelado – ou simplesmente uma nova maneira de experimentar a arte sob outro olhar.